Com o movimento que restou apenas no dedo médio da mão esquerda, ela – que era a mais bonita da turma da USP, diziam os colegas – descobriu que palavra escrita pode ser gritada, chorada ou sussurrada. Escreveu em 1997, com todas estas entonações que cabem nas letras, o livro “Sem asas ao amanhecer” (Ed. Nome da Rosa).
A publicação chega em 2012 na 11ª edição, dezoito anos depois do AVC de Luciana. O título, reconhece a autora, perdeu um pouco do sentido: com o mesmo dedo médio que desabafou a revolta e a superação em letras, Luciana Scotti voou longe.
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Aprendeu a escrever em inglês, espanhol e italiano. Em 2002, terminou o mestrado na USP, seis anos depois concluiu o doutorado e virou referência nacional em modelagem molecular (técnica usada na biologia e no tratamnto de doenças). Há cinco anos, terminou o pós-doutorado na Universidade Federal da Paraíba, Estado onde mora. Só este ano, o mesmo dedo assinou 10 produções bibliográficas. Ela dá aulas, é revisora científica e elabora palestras virtuais.
A fisioterapia e a ginástica intensa também renderam maior sustentação do dorso, melhor mobilidade no braço esquerdo, controle do fôlego e "gás" na autoestima. Pela internet, Luciana Scotti conheceu amores, desmanchou namoros e noivados, fez amigos, escreveu sobre saudades. A piscina, a praia e a cervejinha eventual – tomada de canudo – são os hobbies preferidos, além da leitura, do cinema e da música.
Único caminho
O AVC precoce que cruzou e moldou o caminho da farmacêutica responde por um em cada dez casos no País, segundo estudo inédito da rede Brasil AVC. Em mulheres com menos de 30 anos, amistura entre cigarro e pílula anticoncepcional é o fator mais associado à doença.
“Estamos muito preocupados com a antecipação dos AVCs nas pacientes, um fenômeno mundial”, alerta a neurologista da Rede Brasil, Scheila Ouriques.
“As jovens estão mais obesas, mais hipertensas, mais estressadas, e tudo isso é gatilho para o AVC”.
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O Ministério da Saúde elegeu a doença como problema crônico prioritário a ser combatido e quer fortalecer a rede com 200 hospitais para o atendimento de qualidade. Quando não mata, o AVC incapacita sendo a causa mais recorrente nos serviços de reabilitação públicos.
Luciana Scotti, que fumava e tomava pílula aos 22 anos, é rápida ao responder como conseguiu transformar a doença mais letal e incapacitante do mundo em um acidente no percurso, hoje repleto de realizações: “Por pura falta de opção”, escreveu. “Aprendi a ser forte, quando ser forte era a minha única opção”.
Aos 40 anos, Luciana não está entre os 49 mil mortos anuais por AVC e seu currículo renega a informação de que representa os 400 mil incapacitados pela doença. Se fosse para escolher um grupo numérico mais representativo, a farmacêutica pode ser incluída entre os 10 mil profissionais com títulos de doutores no País.
Leia abaixo trechos do bate-papo feito por email, em que Luciana Scotti avaliou a vida pós-AVC. As entonações de suas letras não deixam dúvida. Luciana é sobrevivente e não vítima do acidente vascular cerebral
TAI A ENTREVISTA DA IG... COM A PROPRIA... PARA QUE POSSAM CONHECER UM POUCO MAIS DE COMO VOLTAR A VIDA.... PARABÉNS A ELA E AOS DEMAIS FAMILIARES QUE JAMAIS PERDERAM A ESPERANÇA DA CURA....
ResponderExcluiriG Saúde: Como é a sua rotina? Como é despertada a curiosidade de uma pesquisadora?
Luciana: Durmo tarde, 23h, 24h, 1h. Dependendo do trabalho, acordo cedo, 6h ou 7h. E já coloco o biquíni, aqui no prédio tem um espaço legal para tomar sol. Esse solzinho da manhã é uma DELÍCIA. Depois de uma hora de sol, tomo banho, vou para frente do computador e trabalho até as 19h. Malho, faço alongamento por uma hora e volto para o computador. Mas não tenho muita rotina. Tudo depende das necessidades e planos do dia. A curiosidade do pesquisador nasce na vontade de aprender mais sobre um fenômeno.
“
APRENDI SER FORTE, quando SER FORTE ERA MINHA ÚNICA OPÇÃO.
iG Saúde: Como é a sua rotina? Como é despertada a curiosidade de uma pesquisadora?
ResponderExcluirLuciana: Durmo tarde, 23h, 24h, 1h. Dependendo do trabalho, acordo cedo, 6h ou 7h. E já coloco o biquíni, aqui no prédio tem um espaço legal para tomar sol. Esse solzinho da manhã é uma DELÍCIA. Depois de uma hora de sol, tomo banho, vou para frente do computador e trabalho até as 19h. Malho, faço alongamento por uma hora e volto para o computador. Mas não tenho muita rotina. Tudo depende das necessidades e planos do dia. A curiosidade do pesquisador nasce na vontade de aprender mais sobre um fenômeno.
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APRENDI SER FORTE, quando SER FORTE ERA MINHA ÚNICA OPÇÃO.
iG Saúde: Você dá aulas e palestras. Como é este processo? Ficou com medo na primeira vez que fez essas coisas?
Luciana: Com medo, nunca! Apenas não acho legal fazer palestras sem a infraestrutura que necessito. Nessas horas minha mãe me ajuda bastante e fala por mim. Mas o ideal é ter um data-show e computador. Assim, mostro slides. Antes redijo um texto e imprimo. Na medida em que mostro os slides, qualquer um vai lendo o texto, entende?
iG Saúde: Fazer pesquisa no Brasil não é nada fácil. Como decidiu seguir nessa área? Foi muito difícil?
Paulo Rossi/Fotoarena
Luciana aos 22 anos antes do AVC
Luciana: Não decidi, o destino decidiu por mim. Quando tive o AVC era recém-formada, trabalhava em uma multinacional e planejava mudar de país. Veio o AVC e MUDOU TUDO. Depois de viver 3 anos em uma cama hospitalar, fiz mestrado em Cosmetologia. Já no doutorado fui tendendo para a modelagem molecular. Hoje, com 5 anos de pós-doutorado em modelagem voltada para quimioterapia, posso dizer que AMO O QUE FAÇO. Usando estatística e química, analiso a estrutura molecular. Quando estou trabalhando me sinto tão bem. GOSTO DE VER AS COISAS DANDO FRUTOS.
ResponderExcluiriG Saúde: E quando não está trabalhando, o que gosta de fazer?
Luciana: AMO O SOL. AMO TOMAR O SOLZINHO NO MEU PRÉDIO. Também é demais um CHURRASCO COM OS AMIGOS à beira da piscina ou passar o dia na praia com cervejinha e petiscos. AMO MUITO TUDO ISSO!
iG Saúde: Você faz fisioterapia ainda? Como estão os seus movimentos?
Luciana: Tento malhar todo dia uma hora. Também ensino alongamentos para as moças que me ajudam, ou seja, montei uma miniclínica no meu quarto. Não sei dizer sobre os meus movimentos. O IMPORTANTE É MANTER UM PONTO DE REFERÊNCIA. Se você pensar que eu me comunicava piscando e hoje teclo num teclado normal, acho QUE ESTOU BEM.
iG Saúde: Li seu livro “Sem asas” há muitos anos. Lembro que você dizia sentir falta da palavra falada, mas tinha aprendido o peso e a importância da palavra escrita. O que é escrever para você?
Luciana: A escrita é um poderoso meio de comunicação. Serve como um desabafo sigiloso, nunca vai espalhar por aí os seus segredos
iG Saúde: A beleza também é uma constante na sua vida. No “Sem asas” lembro que você passou por uns períodos de revolta com o corpo. Hoje está em paz com o espelho?
Luciana : Sim, ainda mais malhando e tomando sol. A revolta faz parte do processo de luto que vem com a deficiência. Mas a aceitação é a saída do luto.
“
Muitos colegas, com currículo e produtividade inferiores, prestam concurso e passam. Eu nem posso prestar concurso na faculdade, porque não falo. Depois dizem q os deficientes físicos não têm emprego por serem poucos especializados. E eu???.
iG Saúde: De uns tempos para cá, a sexualidade e o prazer perderam um pouco do tabu (um pouco, porque ainda existe muito). Parte da sociedade entendeu que cadeira de rodas não aniquila apetite sexual. Como você lidou com isso?
Luciana: Eu sou uma mulher, só que estou numa cadeira de rodas e, infelizmente, muda. Não entendo porque eu deva ser diferente das outras mulheres. Essa pergunta é bem comum, como lido com o apetite sexual...Ué, como todo mundo. Mas por ser uma mulher madura e que já sofreu muito, agora sou BEM seletiva. Sexo e prazer é pouco pra mim...não interessa.
iG Saúde: O seu dedo médio da mão esquerda e a sua mente inquieta levaram você para um patamar onde poucos brasileiros conseguem chegar. O que ainda quer alcançar?
Luciana: Bom, apesar dos meus limites físicos produzo bastante, e trabalhos de qualidade. Só este ano já publiquei 10 artigos científicos, e tenho mais um outro aceito para publicação.... Dentro da comunidade científica essas conquistas são admiráveis, mesmo pra quem não possui limites físicos. Você não acha uma injustiça social e uma burrice não aproveitarem minha mão-de-obra especializada? Esse é meu sonho, ter um emprego na faculdade. Muitos colegas, com currículo e produtividade inferiores, prestam concurso e passam. Eu nem posso prestar concurso na faculdade, porque não falo. Depois dizem q os deficientes físicos não têm emprego por serem poucos especializados. E eu???????????????????
iG Saúde: O que é mais limitador: piedade ou preconceito?
Luciana : Ao meu ver, o preconceito. A piedade não limita, entendo e até concordo. Você não tem dó de quem tem sequelas de um AVC? Eu tenho, é humano. Mas me achar incapaz e pouco inteligente por ser deficiente física é comum. Isso é preconceito.
iG Saúde: O AVC é a doença que mais mata no Brasil e a que mais incapacita. Como você conseguiu transformar o AVC em um “acidente de percurso”?
Luciana : POR PURA FALTA DE OPÇÃO. 'APRENDI SER FORTE, quando SER FORTE ERA MINHA ÚNICA OPÇÃO.
FAÇO PARTE DE POUCOS QUE GOSTARIA DE AJUDAR AS PESSOAS QUE PERDEM A ESPERANÇA NA FÉ...
ResponderExcluirA VIDA É BELA.... MESMO AOS CEGOS... QUE IMAGINAM COMO O MUNDO É LINDO...
PORTANTO JAMAIS PERCA AS ESPERANÇAS DE QUE NADA PODEMOS SOZINHOS...
NASCEMOS COM A AJUDA DE UM MÉDICO... QUANDO TEMOS POSSES ... OU DE UMA PARTEIRA... QUANDO NÃO...
OU ATÉ CHEGAMOS DE IMPROVISO NESTE MUNDO... E PORQUE NÃO TEMOS....
A MESMA CORAGEM DE VIVER A ESPERANÇA DE QUE SOMOS NÓS A NOSSA PROPRIA SORTE... POIS A VIDA É BELA... A QUEM APRENDE A VIVER ... COM AS NOSSAS FALHAS... E DOS NOSSOS SEMELHANTES...
E ASSIM PASSAMOS A NÃO FICAR REMOENDO A NOSSA DOR... E VAMOS A LUTA... POIS A VIDA TEM QUE SER VIVIDA...
PARABÉNS A ESSA MENINA COM 22 ANOS QUE NÃO PERDEU AS ESPERANÇAS E CHEGOU LÁ...
VAMOS TOMAR ESSE EXEMPLO DE VIDA... E VAMOS A LUTA... POIS SOMOS PERFEITOS... E TEMOS TUDO PARA VENCER TODAS AS BARREIRAS QUE SURJAM...
BOM FIM DE SEMANA PROLONGADO A TODOS VOCES... LEITORES OU NÃO... POIS SOU O MESMO AVENTUREIRO E POETA APAIXONADO DE SEMPRE
e para sorrir e alegrar a tua vida.... leia e curta... as rapidinhas.....
ResponderExcluirpensou em outra coisa... é.... mas são maravilhosas....
Confessando
Um peregrino, a caminho de Fátima, pernoita na casa de uma viúva deslumbrante.
No meio da noite, a viúva o procura, toda nua!
Ele, com medo de pecar, foge e vai confessar-se.
O padre diz-lhe:
- Volte para casa e coma 5 kg de CAPIM.
- Sr. Padre, eu não sou um cavalo!
- Mas é burro!
- Primeiro deveria ter comido a viúva e depois vindo confessar!
O paraíso é relativo
Quando Ayrton Senna chegou ao céu, São Pedro foi logo perguntando:
- Como é seu nome, meu filho???
- Ayrton Senna da Silva...
- Ah!!! Você é aquele piloto da F1, não é???
- Sou eu mesmo.
- Aquele que tinha uma ilha em Angra dos Reis com heliporto, quadra de tênis, praia particular entre outras coisas, mais um jato executivo Learjet 60 de 12 lugares comprado por US$ 19.000.000,00, um helicóptero bi-turbo avaliado em US$ 5.000.000,00 uma lancha Off Shore de 58', uma fazenda em Tatuí e que ganhava US$ 1.200.000,00 por corrida?
- Sou eu mesmo.
- Andava de Audi, Honda NSX e tinha uma DUCATI com seu nome?
- Sim senhor!!!
- Morava em Mônaco, mas tinha apartamentos em NYC, Paris e viajava quando queria para o Brasil no seu próprio jatinho particular?
- Correto.
- Aquele que até hoje a família é acionista da Audi do Brasil?
- Eu mesmo!!!
- Aquele que comeu a Xuxa, e a Adriane Galisteu?
- Sim.
- Putz ... pode entrar, mas você vai achar o Paraíso uma merda!
Com receita
Numa pequena cidade do interior de SP, Tuiuti, uma mulher entra em uma farmácia e fala ao farmacêutico:
__ Por favor, quero comprar arsênico.
__ Arsênico? Mas, não posso vender isso assim, sem mais nem menos! Qual é a finalidade?
__ Matar meu marido.
__ Pra este fim, piorou, minha senhora. Eu não posso vender....
A mulher abre a bolsa e tira uma fotografia do marido, transando com a mulher do farmacêutico.
__ Ah boooom!... COM RECEITA É OOOUUUTRA COISA!